quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Lago Perdido, Sarah Addison Allen [Opinião]




Título Original: Lost Lake
Autoria: Sarah Addison Allen
Editora: Quinta Essência
N.º Páginas: 280


Sinopse: 

A primeira vez que Eby Pim viu Lago Perdido foi num postal. Apenas uma fotografia antiga e algumas palavras num pequeno quadrado de papel pesado, mas quando o viu soube que estava a olhar para o seu futuro.
Isso foi há metade de uma vida. Agora Lago Perdido está prestes a deslizar para o passado de Eby. O seu marido George faleceu há muito tempo. A maior parte da sua exigente família desapareceu. Tudo o que resta é uma velha estância de cabanas outrora encantadoras à beira do lago a sucumbirem ao calor e à humidade do Sul da Georgia, e um grupo de inadaptados fiéis atraídos para Lago Perdido ano após ano pelos seus próprios sonhos e desejos. É bastante, mas não o suficiente para impedir Eby de abrir mão de Lago Perdido e vendê-lo a um empreiteiro.
Este é por isso o seu último verão no lago… até que uma última oportunidade de reencontrar a família lhe bate à porta.


Opinião:
Quando um romance tem o poder de nos aquecer por dentro, ao mesmo tempo que nos faz esquecer o mundo à nossa volta e nos mergulha numa história ímpar e absolutamente bela no retrato da inevitabilidade do destino, não há como o descrever em simples palavras. Esta é uma autora magistral da qual já tinha imensas saudades, dotada de uma voz única e de uma escrita que transborda magia, que enlaça o leitor tão fortemente na sua teia ficcional que este chega a acreditar ser parte integrante da narrativa, conhecer estas personagens, e experienciar, em primeira mão, estas vidas.

Numa família em que a figura feminina, ao longo de várias gerações, parece amaldiçoada pela morte precoce do seu companheiro de vida, o desgosto, a solidão e o desespero da saudade são o suficiente para que estas mulheres percam a vontade de continuar em frente, de lutar. Mas Eby é um espírito forte, uma pessoa que guarda a memória de George, o único homem que amou, não só no seu coração como no local onde ambos mais foram felizes — em Lago Perdido. E também a sua sobrinha, Kate, ganha uma nova força em batalhar pela felicidade que julga desaparecida, mas que encontra não só na alma rebelde e selvagem da sua filha Devin, como no lugar onde sabe ter vivido os melhores meses da sua infância — em Lago Perdido. A reunião destas mulheres é inevitável, e os laços que forjam entre elas, assim como com outras personagens — Lisette, Selma, Bulahdenn e Wes — são para a vida, e é pelos percalços que as assolam, pelos distúrbios que as moldam e pelas pequenas fortunas que as fazem sorrir que Lago Perdido é um romance a não perder.

Gostei imenso desta história. Sarah Addison Allen é, para mim, como um filtro extra de alegria e satisfação literárias, pois é um facto que as suas obras detêm o poder de me encantar e de me fazer apaixonar pelo que nelas é descrito. As suas personagens são continuamente reais e sólidas, robustas na sua veracidade, e os mundos que retrata contém sempre o seu quê de pitoresco e magia. Os elementos levemente sobrenaturais que insere e que tão completamente me fascinam tanto poderiam ser enumerados como meras crenças quanto acasos do destino, mas a singularidade que pontuam transformam as suas obras em algo muito especial e acarinhado pelo leitor.
O Jardim Encantado continua a ser a minha obra favorita de Addison Allen, mas dúvidas não me restam de que este seu Lago Perdido se encontra igualmente muito perto. É um contentamento indescritível ler esta autora outra vez, conhecer o seu imaginário, recordar a sua escrita... Um regresso forte e admirável daquela que é uma das minhas escritoras favoritas dentro do romance contemporâneo.

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