sexta-feira, 27 de abril de 2012

Paixões à Solta, Jill Mansell [Opinião]



Título Original: Staying at Daisy’s
Autoria: Jill Mansell
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 393
Tradução: Ester Cortegano


Sinopse:

Daisy MacLean é a directora de um delicioso hotel rural. Desde que o seu marido infiel morreu num acidente de carro, tem-se mantido solteira e boa rapariga. Mas agora não confia em homens bonitos e charmosos, e é por isso que a antiga estrela de rugby, Dev Tyzack, não tem nenhuma hipótese em a conquistar. Pensa ela...
Infelizmente o passado de Daisy está a intrometer-se no seu futuro. Quando menos espera, aparece Barney, o porteiro, com algo que pertencera ao marido que Daisy pensava ter conseguido esquecer.
E para aumentar a confusão, não faltam outras personagens excêntricas como Tara, a criada sempre infeliz no amor; Dominic, cujo casamento se vai realizar no hotel mas que já não quer aquela noiva; ou o próprio pai de Daisy que mantém uma relação secreta.
Desta caótica torrente de paixões à solta só poderá resultar um grande desastre. Ou talvez não!


Opinião:

A paixão anda à solta...
Corram! Escondam-se! É que quem for apanhado no meio desta teia de amores improváveis, amizades indeléveis e instantes memoráveis no tempo irá, certamente, deparar-se com um coração – o seu, pois claro! – total e completamente arrebatado por uma torrente incontrolável de emoções, situações precipitadas e riscos mal calculados.
Não restam dúvidas de que o amor pode ser um sentimento que, rapidamente, se transforma em dor. Mas a paixão... oh, essa ninguém conseguirá travar! E quando menos se estiver à espera, já ela estará bem enraizada na nossa mente e, pior do que isso, no nosso peito...

Paixões à Solta trata-se de mais um magnífico romance por parte de uma autora indiscutivelmente divertida e propícia a protagonizar, através das suas personagens singulares e ultra apetecíveis, as mais caricatas e hilariantes situações. Com uma escrita fluidamente encantadora e recheada de pequenos pormenores peculiares embelezados por uma certa graça muito própria desta autora, Jill Mansell volta a surpreender – e, principalmente, a cativar – o seu público com mais um enredo dominante e que apela, em força, ao sorriso e à gargalhada.
Se antes detinha ainda algumas dúvidas, embora reduzidas, em relação à visão e construção gerais do imaginário de uma autora tão criativa e exuberante como é Jill Mansell, com esta trama em particular que, para mim, se apresentou de forma loucamente apelativa e extravagante, todas essas questões se viram apagadas, com facilidade, dando lugar a um virar de páginas impulsivo e constante, extremamente difícil de conter.

Como se tem vindo a tornar hábito, o conjunto de personalidades que dá vida a este livro é espectacular e simplesmente perfeito e impecável num enredo que se encontra repleto de momentos constrangedores e ocasiões mais emotivas.
Daisy, uma protagonista emocionalmente forte e dura, mostra-se ainda mais fria e implacável ao tomar a decisão de deixar a namorada do seu marido vê-lo quando este se encontra no leito da morte. Mas nunca ela esperaria que esta «assombração» a iria perseguir muito tempo depois, até mesmo quando finalmente Daisy está disposta a andar com a sua vida para a frente e a deixar-se, outra vez, abrir um pouco mais para o mundo exterior.
Tara, sempre azarada no que diz respeito ao sexo masculino, vê-se subitamente enredada numa confusão à qual só deseja escapar ilesa. O seu ex-namorado Dominic está de regresso ao seu coração e, com ele, traz um casamento onde a noiva aparenta ser tudo menos o que verdadeiramente é.
Juntas, estas duas melhores amigas que têm a sorte de partilhar o local de trabalho, enfrentarão um sem número de homens inteligentes e amistosos que farão de tudo por fazer pulsar as suas emoções e um surpreendente leque de situações delicadas e problemas complicadas que não serão nada fáceis de resolver.

A trama deste romance sublinha-se pela clara dedicação mostrada às mulheres. Nela, o sexo feminino apresenta-se na sua mais bela forma, expondo todos aqueles momentos em que a dúvida e a incerteza estão presentes mas igualmente dando ênfase à vulnerabilidade e carga emocional que, indiscutivelmente, faz parte do que é ser-se mulher. Talvez por isso a envolvência para com as personagens e a própria história seja diferente, pois quem nunca se encontrou perdido de amores por alguém que sabemos ser capaz de nos magoar e de nos mentir com a maior das facilidades? Quem nunca fechou os olhos perante a infidelidade ou, até, face uma palpitação mais forte por uma pessoa que julgamos não sentir o mesmo e que, por isso, nos faz continuar estagnadas no tempo? E quem nunca teve de lutar por marcar uma posição? De certo que esse realismo fortemente presente neste enredo torna impossível ao leitor – ou, neste caso, leitora – distanciar-se das vidas destas personagens que se revelam tão reais quanto vibrantes.

O desenvolvimento da narrativa e consequente progressão dos acontecimentos encontra-se edificado de forma extremamente agradável e atractiva. As personagens, essas, são como uma compota de morango adocicada ao máximo – sempre simpáticas, sempre emotivas – e a par com uma escrita há muito nossa conhecida e apreciada, Paixões à Solta somente pode ser sinónimo de incontáveis horas de excelente leitura.
Vários são os detalhes que agraciam este livro mas, para mim, houveram alguns momentos de intensa jovialidade e risada que me agradaram por completo, como é o caso da louquíssima odisseia da máquina de lavar a roupa e da imprevisibilidade da pequena Clarissa, que possui uma personalidade decididamente muito expressiva para uma criatura de porte tão frágil e diminuto.

Em suma, esta é mais uma fantástica aventura da espectaculosa Jill Mansell, uma autora que continuarei a seguir e que recomendo sem reservas. Óptima para ser acompanhada com um chocolate quente nestes dias frios e chuvosos de Abril, ou durante uma passeata até à praia ou ao jardim, esta leitura fará, sem dúvida, com que os seus sentidos fiquem mais aguçados e o seu espírito mais leve. Uma fabulosa aposta da Chá das Cinco, uma chancela Saída de Emergência. 

1 comentário:

Filipa disse...

Olá :)
Já ouvi óptimos rumores sobre a Jill Mansell e decidi comprar um livro dela, que por acaso é este, "Paixões à solta".
É sem dúvida um belo livro. Apenas ao ler as primeiras 5 páginas fiquei colada ao livro.
Infelizmente, o tempo é pouco :S e só vou nas primeiras 100 páginas. Mas mal posso por acabar de o ler e pegar no próximo :)

*uma boa leitura. beijos

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