domingo, 29 de abril de 2012

Trocada, Amanda Hocking [Opinião]



Título Original: Switched
Autoria: Amanda Hocking
Editora: ASA
Nº. Páginas: 261
Tradução: Elsa T. S. Vieira


Sinopse:

Com apenas seis anos, Wendy escapa à morte quase por milagre – e quem a tenta matar é a própria mãe, que está convencia de que a filha não é sua, mas antes uma intrusa, trocada à nascença no hospital. Onze anos mais tarde, a estranha adolescente, de cabelos negros revoltos, começa a suspeitar de que a mãe, se calhar, até tinha razão. Na nova escola, mais uma entre tantas, ela sente-se posta à parte por todos. Menos por Finn Holmes, um rapaz silencioso e sombrio que se limita a olhá-la fixamente – e lhe desperta sentimentos contraditórios: um medo enorme, e uma irresistível atracção.
Finn é um Achador, que a procura há anos. E agora, que finalmente a encontrou, quer levá-la para casa, para o reino dos Trylle, onde Wendy vai descobrir o que sempre suspeitou – ela é mesmo diferente, e tem poderes muito mais poderosos do que alguma vez tinha imaginado...


Opinião:

Não existe nada como a família.
São eles quem nos apoia, quem nos ama apesar de tudo, e quem, desde o nosso primeiro passo, primeiro sorriso, primeira palavra, se transforma no pilar que nos sustenta enquanto seres humanos. E numa escala ainda mais importante do que a família, encontra-se a nossa mãe. Aquela que nos mostrou o mundo, que nos ensinou tudo o que de bom e de mau iremos decifrar e, acima de tudo, aquela por quem nutrimos um carinho e amor muito especial... sentimentos esses que, com naturalidade, nos são retribuídos. Ou não.
Acontece que, às vezes, o que elas mais querem no universo, as mães, é matar-nos, a nós, os seus filhos. E ocasionalmente, quase que o conseguem. Quase.

Trocada trata-se de um romance inovador dentro do seu género, que se evidenciada pela criatividade demonstrada para com uma espécie do sobrenatural que se encontra, actualmente, pouco explorada e que, como tal, acaba por se apresentar de forma original e totalmente inesperada.
Amanda Hocking, por sua vez, e dotada de um estilo simplista, subtil e atento ao detalhe, faz as delicias do leitor mais jovem ao conferir uma certa descontracção e, ao mesmo tempo, mistério a um enredo que, logo de início, se mostra bastante prometedor.

Os intervenientes desta trama, no seu geral, não poderiam ser mais diferentes entre si. Enquanto, por um lado, nos deparamos com uma camada extremamente real e humana de uma faixa etária que todos sabemos não ser nada fácil de superar, por outro temos um povo estranho, com normas e regras em muito semelhantes às monarquias de antigamente onde o que o rei dita é lei, e onde é possível encontrar-se de tudo um pouco, desde poderes extravagantemente inconcebíveis e extraordinários a caricatas personalidades tão normais quanto esquivas. Ainda assim, algumas personagens acabam por se destacar, seja pelas particularidades especiais que possuem ou pela singeleza com que se movimentam.

Wendy, a protagonista, trata-se de uma jovem pela qual, e com relativa rapidez, se nutre um certo fascínio e compaixão. O horror que preenche o seu passado de menina criança é algo que tem vindo a abeirar-se do seu pensamento e talvez por isso, ou devido à falta de uma figura materna real, Wendy dá por si a ponderar se todas as desconfianças e razões que levaram a sua mãe a agir da forma como agiu não estavam, efectivamente, correctas. Essa dúvida, essa inconstância e vazio que a acometem a um presente de solidão e bizzaria, somente servem de catapulto para um futuro que se assemelha grandioso e... muito mais natural para si e para a criatura excepcional que vive por baixo da sua pele.
A esta personagem rebelde e curiosa, juntam-se tantas outras personalidades igualmente confiantes e excêntricas, bonitas e assustadoras que, no seu conjunto, perfazem um grupo de intervenientes bastante criativo e singular e que, facilmente, impulsionam à leitura desta trama.

Vários são os pormenores que agraciam este romance assim como os elementos que surtiram simpatia e encanto em mim, contudo, nem tudo se mostrou de forma positiva e, como primeiro livro, algumas falhas e pressas foram cometidas.
Embora tenha apreciado as diversas semelhanças que este livro contém com a realidade, esteja ela no passado ou nos nossos dias, a verdade é que alguns momentos transmitiram-me uma certa celeridade. Os caminhos escolhidos por Hocking são interessantes, por inúmeras vezes me deixaram em suspenso mas, parte das decisões tomadas, e talvez por a autora querer tal situação originasse uma determinada consequência, pareceram-me algo forçadas. Penso que mais algumas páginas de história, de desenvolvimento, não teriam feito mal nenhum. Ou, quem sabe, estas sensações tenham sido propositadas de modo a criar no leitor uma dada expectativa e vontade em ler o livro seguinte.
Outro dos factores que não me convenceu por completo recai na quantidade de fantasia albergada nas páginas deste romance. Por vezes, admito ter-me sentido dentro de um romance de época aprimorado com um pouco de actualidade mas, mais do que isso, o que realmente gostava era de ter lido mais sobre poderes, sobre esta magia pulsante, e de ter descoberto mais segredos, mais sobre as características únicas dos Trylle.

Mas, apesar de tudo, houveram situações engraçadas e detalhes que me surpreenderam. Como, por exemplo, as personagens de Tove e Rhys. A primeira, admito, talvez por ser das criaturas mais poderosas da sua comunidade, a nível mágico, foi a que maior curiosidade e interesse me suscitou. Além de que também todo o mistério e secretismo que o circunda, tal como a respectiva fragilidade mental e emocional, são bastante apelativos. Quanto ao segundo, Rhys trata-se de uma personagem de merecido destaque pelo facto de, em última instância, ser um renegado. Ao encontrar-se a viver numa sociedade que vai em muito para além da sua normalidade de rapaz, é-lhe permitido ser mais resoluto e divertido. E não há dúvidas de que o seu sentido de humor – e de oportunidade – é fenomenal, o que se traduz numa certa liberdade contraditória aos nativos de Förening.
Num registo igualmente positivo, está o pormenor de o próprio leitor ir descobrindo toda a informação envolvente deste mundo, de forma gradual, ou seja, em simultâneo com a protagonista, Wendy. Desse modo, a curiosidade vê-se intensificada ao máximo assim como as emoções e afinidades partilhadas entre leitor e personagem. Finalmente, deixo nota dez à escolha da capa – que, por acaso, é igual à versão original. Esta é bastante apelativa e quente, o que a torna simplesmente deslumbrante.

Numa aposta diferente e bem mais jovem, Trocada trata-se de uma obra interessante e de uma escolha curiosa por parte de uma editora, ASA, que nos tem vindo a seduzir com obras complexas e emocionalmente dominadoras. Assim sendo, este acaba por ser um livro fresco, mais leve e suave, e que com certeza agradará a qualquer jovem apaixonado por fantasia, ainda que seja numa nota menos assertiva e profunda. 

Novidade ASA - "O Mundo Invisível", Katherine Webb

Um verão demasiado quente. Dois desconhecidos a braços com o passado. Um segredo que permanecerá oculto por um século. 

Título: O Mundo Invisível
Autoria: Katherine Webb
N.º Páginas: 464

Lançamento: Já disponível
PVP.: 16,90€

Sinopse: O verão quente de 1911 vê chegar à pacata aldeia de Cold Ash Holt dois novos habitantes. Cat Morley, a nova criada do reverendo Albert Canning e da sua mulher, Hester, vem de Londres. Cat é rebelde e ousada mas é também incapaz de esquecer um passado demasiado doloroso. A tímida mulher do reverendo fica ainda mais inquieta quando o marido lhe apresenta o outro desconhecido, abrindo as portas de sua casa não apenas a um jovem atraente e carismático, mas também a uma perigosa obsessão.
O calor opressivo daquele verão parece intensificar-se e impregnar tudo e todos, e o ambiente na reitoria fica carregado de ambição, paixão e ciúme; uma mistura de emoções tão poderosa que conduz, em última instância, ao homicídio.
Cem anos depois, cabe a Leah, jornalista incansável, decifrar duas enigmáticas cartas e juntar as peças de um quebra-cabeças assombroso.

Sobre a autora:
Katherine Webb nasceu em 1977 e cresceu no Hampshire, em Inglaterra, antes de ir estudar História na Universidade de Durham. Após Londres e Veneza, vive actualmente em Newbury. A Herança, o seu primeiro romance, ganhou o YouWriteOn Book of the Year Award 2009, tendo a autora sido finalista do National Book Tokens New Writer of the Year 2010. Vai ser publicado em vinte países.

Da mesma autora de:

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Paixões à Solta, Jill Mansell [Opinião]



Título Original: Staying at Daisy’s
Autoria: Jill Mansell
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 393
Tradução: Ester Cortegano


Sinopse:

Daisy MacLean é a directora de um delicioso hotel rural. Desde que o seu marido infiel morreu num acidente de carro, tem-se mantido solteira e boa rapariga. Mas agora não confia em homens bonitos e charmosos, e é por isso que a antiga estrela de rugby, Dev Tyzack, não tem nenhuma hipótese em a conquistar. Pensa ela...
Infelizmente o passado de Daisy está a intrometer-se no seu futuro. Quando menos espera, aparece Barney, o porteiro, com algo que pertencera ao marido que Daisy pensava ter conseguido esquecer.
E para aumentar a confusão, não faltam outras personagens excêntricas como Tara, a criada sempre infeliz no amor; Dominic, cujo casamento se vai realizar no hotel mas que já não quer aquela noiva; ou o próprio pai de Daisy que mantém uma relação secreta.
Desta caótica torrente de paixões à solta só poderá resultar um grande desastre. Ou talvez não!


Opinião:

A paixão anda à solta...
Corram! Escondam-se! É que quem for apanhado no meio desta teia de amores improváveis, amizades indeléveis e instantes memoráveis no tempo irá, certamente, deparar-se com um coração – o seu, pois claro! – total e completamente arrebatado por uma torrente incontrolável de emoções, situações precipitadas e riscos mal calculados.
Não restam dúvidas de que o amor pode ser um sentimento que, rapidamente, se transforma em dor. Mas a paixão... oh, essa ninguém conseguirá travar! E quando menos se estiver à espera, já ela estará bem enraizada na nossa mente e, pior do que isso, no nosso peito...

Paixões à Solta trata-se de mais um magnífico romance por parte de uma autora indiscutivelmente divertida e propícia a protagonizar, através das suas personagens singulares e ultra apetecíveis, as mais caricatas e hilariantes situações. Com uma escrita fluidamente encantadora e recheada de pequenos pormenores peculiares embelezados por uma certa graça muito própria desta autora, Jill Mansell volta a surpreender – e, principalmente, a cativar – o seu público com mais um enredo dominante e que apela, em força, ao sorriso e à gargalhada.
Se antes detinha ainda algumas dúvidas, embora reduzidas, em relação à visão e construção gerais do imaginário de uma autora tão criativa e exuberante como é Jill Mansell, com esta trama em particular que, para mim, se apresentou de forma loucamente apelativa e extravagante, todas essas questões se viram apagadas, com facilidade, dando lugar a um virar de páginas impulsivo e constante, extremamente difícil de conter.

Como se tem vindo a tornar hábito, o conjunto de personalidades que dá vida a este livro é espectacular e simplesmente perfeito e impecável num enredo que se encontra repleto de momentos constrangedores e ocasiões mais emotivas.
Daisy, uma protagonista emocionalmente forte e dura, mostra-se ainda mais fria e implacável ao tomar a decisão de deixar a namorada do seu marido vê-lo quando este se encontra no leito da morte. Mas nunca ela esperaria que esta «assombração» a iria perseguir muito tempo depois, até mesmo quando finalmente Daisy está disposta a andar com a sua vida para a frente e a deixar-se, outra vez, abrir um pouco mais para o mundo exterior.
Tara, sempre azarada no que diz respeito ao sexo masculino, vê-se subitamente enredada numa confusão à qual só deseja escapar ilesa. O seu ex-namorado Dominic está de regresso ao seu coração e, com ele, traz um casamento onde a noiva aparenta ser tudo menos o que verdadeiramente é.
Juntas, estas duas melhores amigas que têm a sorte de partilhar o local de trabalho, enfrentarão um sem número de homens inteligentes e amistosos que farão de tudo por fazer pulsar as suas emoções e um surpreendente leque de situações delicadas e problemas complicadas que não serão nada fáceis de resolver.

A trama deste romance sublinha-se pela clara dedicação mostrada às mulheres. Nela, o sexo feminino apresenta-se na sua mais bela forma, expondo todos aqueles momentos em que a dúvida e a incerteza estão presentes mas igualmente dando ênfase à vulnerabilidade e carga emocional que, indiscutivelmente, faz parte do que é ser-se mulher. Talvez por isso a envolvência para com as personagens e a própria história seja diferente, pois quem nunca se encontrou perdido de amores por alguém que sabemos ser capaz de nos magoar e de nos mentir com a maior das facilidades? Quem nunca fechou os olhos perante a infidelidade ou, até, face uma palpitação mais forte por uma pessoa que julgamos não sentir o mesmo e que, por isso, nos faz continuar estagnadas no tempo? E quem nunca teve de lutar por marcar uma posição? De certo que esse realismo fortemente presente neste enredo torna impossível ao leitor – ou, neste caso, leitora – distanciar-se das vidas destas personagens que se revelam tão reais quanto vibrantes.

O desenvolvimento da narrativa e consequente progressão dos acontecimentos encontra-se edificado de forma extremamente agradável e atractiva. As personagens, essas, são como uma compota de morango adocicada ao máximo – sempre simpáticas, sempre emotivas – e a par com uma escrita há muito nossa conhecida e apreciada, Paixões à Solta somente pode ser sinónimo de incontáveis horas de excelente leitura.
Vários são os detalhes que agraciam este livro mas, para mim, houveram alguns momentos de intensa jovialidade e risada que me agradaram por completo, como é o caso da louquíssima odisseia da máquina de lavar a roupa e da imprevisibilidade da pequena Clarissa, que possui uma personalidade decididamente muito expressiva para uma criatura de porte tão frágil e diminuto.

Em suma, esta é mais uma fantástica aventura da espectaculosa Jill Mansell, uma autora que continuarei a seguir e que recomendo sem reservas. Óptima para ser acompanhada com um chocolate quente nestes dias frios e chuvosos de Abril, ou durante uma passeata até à praia ou ao jardim, esta leitura fará, sem dúvida, com que os seus sentidos fiquem mais aguçados e o seu espírito mais leve. Uma fabulosa aposta da Chá das Cinco, uma chancela Saída de Emergência. 

Novidade Saída de Emergência - "O Ladrão da Fé", Richard Doetsch

Sob o Kremlin esconde-se
uma antiga e perigosa verdade.
Mas alguém está prestes a roubá-la...

Título: O Ladrão da Fé
Autoria: Richard Doetsch
N.º Páginas: 464

Lançamento: Já disponível
PVP.: 18,55€

Sinopse: Desde os tempos de Ivan, o Terrível, gerações de líderes russos transformaram o Kremlin numa Fortaleza dentro de outra Fortaleza, criando nos seus subterrâneos labirínticos câmaras secretas onde se ocultam tesouros de grande valor. Agora, um mestre ladrão tem a derradeira motivação para assaltar o recanto mais secreto do Kremlin. Para Michael St. Pierre, o golpe mais ousado da História é apenas uma peça numa trama muito maior que envolve um mosteiro na Escócia e um refúgio na Córsega - onde um louco criou um império de terror. Assombrado pelos seus próprios segredos de família, Michael irá aceitar uma missão que o irá tornar o homem mais procurado no mundo. Mas quando a verdade oculta no seio do Kremlin for revelada, irá libertar uma relíquia demasiado perigosa para ser possuída…

Sobre o autor:
Richard Doetsch é um especialista em imobiliário e foi presidente de algumas da maiores empresas do ramo nos EUA. Actualmente tem a sua própria empresa de investimento, com representação em Nova York e no Connecticut. Enquanto muitos autores optam por escrever sobre emoções, Richard prefere vivê-las. É triatleta, pratica ski, mergulho e é um entusiasta dos desportos radicais, tendo saltado de pontes e ravinas com elásticos à volta dos tornozelos, pára-quedas nas costas, e, por vezes, mergulhando de muitas dezenas de metros para o oceano, sem nada para desacelerar a queda. Combinando a adrenalina do seu dia-a-dia com uma imaginação soberba, Richard consegue criar personagens e enredos verdadeiramente vibrantes. Para além de músico, também compõe, e é responsável por muitas bandas-sonoras de filmes independentes. Casado há mais de 20 anos com o amor da sua juventude, tem três filhos.

Do mesmo autor:

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Novidade Saída de Emergência - "Oceanos de Fogo", Christine Feehan

Sete irmãs...
Venha conhecer a história de Abigail Drake, uma das sete irmãs Drake dotadas de poderes elementares, e a sua profecia de amor...

Título: Oceanos de Fogo
Autoria: Christine Feehan
N.º Páginas: 352

Lançamento: Já disponível
PVP.: 17,97€

Sinopse: Sendo a terceira filha de uma linhagem mágica, Abigail Drake nasceu com uma afinidade mística por água e dotada de laços particularmente fortes com golfinhos. Ela passou toda a sua vida a estudá-los, a aprender e a nadar com eles nas águas do mar da sua cidade natal, Sea Haven...
Até ao dia em que testemunhou um assassinato a sangue frio na praia à beira-mar e deu por ela a fugir para salvar a sua vida, indo cair nos braços de Aleksandr Volstov. Ele é um agente da Interpol a seguir o rasto de antiguidades russas roubadas. Um homem implacável que obtém sempre aquilo que pretende, e o homem que já destroçou o coração de Abigail. Mas ele não permitirá que a única mulher que alguma vez amou fique em perigo, ou que lhe escape por entre os dedos...

Sobre a autora:
Christine Feehan é autora # 1 bestseller do New York Times. Tem mais de 40 romances publicados, incluindo quatro séries. Recebeu três dos nove Prémios Paranormal de Excelência em Literatura Romântica (1999). Desde então tem sido publicada pela Leisure Books, Pocket Books, e actualmente escrevepara Berkley/Jove. Galardoada com sete prémios PEARL, Feehan tem triunfado na lista dos mais vendidos, incluindo o Times, Publishers Weekly, USA Today, Bookscan, B. Dalton, Amazon, Barnes & Noble, Waldenbooks, Ingrams, Borders, Rhapsody Book Club e Washington Post. Feehan recebeu inúmeras homenagens ao longo da sua carreira e foi candidata para o prémio RITA. Recebeu igualmente um Achievement Award do Romantic Times e um Borders 2008 Lifetime Achievement Award.

Da mesma série:

   

segunda-feira, 23 de abril de 2012

As Coisas que te Caem dos Olhos, Gabriele Picco [Opinião]



Título Original: Cosa ti cade dagli occhi
Autoria: Gabriele Picco
Editora: Contraponto
Nº. Páginas: 210
Tradução: Carlos Martins e Silvana Urzini


Sinopse:

Ennio é um jovem tímido que tem um interesse muito especial: lágrimas, misteriosas gotas de água salgada que contêm sonhos, lembranças, medos... Quando vê uma, fotografa-a e inventa uma história. Contudo, o próprio Ennio não chora, nunca. Aprendeu a enterrar a dor, a ocultar os sentimentos e, com eles, o seu segredo mais inconfessável. 
Fugindo do passado, Ennio parte para Nova Iorque. Certo dia, encontra o diário de uma rapariga japonesa: Kazuko. Deslumbrado pelos fabulosos desenhos que encontra naquelas páginas, Ennio parte numa busca incessante para devolver o livro à dona. Durante este período, a sua história entrecruza-se com a de outras personagens tão excêntricas quanto cativantes: Gianny, que tem uma fisga no nome; Arwin, que filma tudo o que o rodeia com uma câmara escondida no cabelo; Josh, que perdeu a mulher no atentado às Torres Gémeas e agora colecciona pó; e ainda, uma gaivota ferida, resgatada da neve de Abril - que, dizem, dá sorte. 


Opinião:

Por vezes, a vida apresenta-se tão cruel e palpável que, inconscientemente, só desejamos conseguir olhar os vários caminhos que se atravessam diante de nós, de forma diferente. Outras vezes, o destino mostra-se tão simples e monótono, tão sem fruto ou alegria que o sentimento de mudança, de vontade própria, apodera-se de nós e, agarrando-nos pelos pés, atira-nos contra toda uma série de destinos desconhecidos. São estes instantes no tempo, estes momentos do presente, do passado e do futuro que por vezes fazem derramar aquelas coisas que nos caem dos olhos. Lágrimas onde, em cada gotícula salgada, estão instaladas as nossas mais emotivas e sensíveis recordações. Memórias de dor, de felicidade e de prazer. Memórias do tudo... e do nada que nos moldam naquilo que somos.

As Coisas que te Caem dos Olhos trata-se de uma fábula comovente onde, com uma prosa simples e encantadora, acompanhada de ilustrações quase infantis de uma realidade que nos transforma a cada dia que passa, encaminha o leitor para uma viagem alucinante e absolutamente mágica. É-me muito difícil falar sobre este livro pois os ensinamentos são tantos, as mensagens tão poderosas e a fantasia algo tão presente que, sem uma leitura prévia, discutir a verdadeira essência que constitui esta narrativa torna-se algo rudimentar e pouco impressionável. Sem dúvida que esta é uma daquelas obras em que, mesmo com toda uma série de lições, cada leitor retirará uma experiência diferente, uma emoção geral distinta.
Gabriele Picco consegue, assim, o feito de cativar à primeira página e de instalar a curiosidade no leitor ao apresentar uma explicação fascinante sobre os vários sacos lacrimais que, na versão do protagonista deste romance, encerram em si uma importância extrema no que diz respeito às lembranças que, delicadamente, se afogam nas lágrimas rebeldes que este aparelho tão sensível e espontâneo insiste em libertar. Um autor espantoso, dotado de uma imaginação incrível e excêntrica ao mais alto nível.

Ennio é o tipo de personagem que, com relativa facilidade, conseguiria fazer-se passar por um conhecido ou familiar nosso amigo. Tratando-se de um jovem simples e resoluto, dotado de uma personalidade algo nervosa e inconstante, este é um interveniente que, dadas as incongruências com um passado familiar que o assombra virtualmente, foge para os Estados Unidos da América à procura de uma vida melhor, prometendo, à partida, não se apaixonar – quando é o que mais deseja que aconteça – e lutando pela felicidade que antes não possuía. É pelos olhos desta invulgar personagem que o leitor se vê confrontado com toda uma parafernália de situações caricatas, personalidades extravagantes e encontros e desencontros que reformularão, do principio ao fim, um intelecto tímido e fechado como o de Ennio.

Parte da beleza desta pequena preciosidade em formato papel, passa pelas magníficas ilustrações que não só permitem ao leitor deslumbrar-se com uma componente visual altamente apreciada e pouco vista em romances deste calibre, como igualmente servem de suporte extra de modo a enquadrar, na perfeição, a história mítica que se encontra perpetuada nestas páginas. Claramente, uma excelente técnica que visa tornar este livro ainda mais único e especial.
Outro dos aspectos que, a meu ver, acabou por se evidenciar recai no extraordinariamente metafórico homenzinho que reside dentro da barriga de Ennio, a personagem principal. Esta figura representa, sem sombra de dúvida, o receio e o nervosismo que, invariavelmente, acompanha cada um de nós, numa constante. Talvez seja um demonstrativo do medo de que algo corra mal, ou da ânsia de se alcançar um objectivo que, anteriormente, se encontrava bem distante das nossas mãos... mas a verdade é que esta personagem de pequeno porte mas importância superior é a particularidade que se manifesta nas ocasiões mais constrangedoras e inapropriadas, naquelas situações em que somente esperamos que tudo continue normal, até que algo inesperado e que vínhamos a guardar silenciosamente dentro de nós... dispara!

A par com um leque excepcional de personagens divertidas e diferentes – desde Kazuko que só quer reaver o seu diário e alcançar a cauda de um sonho, passando por Arwin que é um autêntico cromo do cinema filmando tudo e todos com a sua câmara oculta e indo até ao próprio Ennio –, com uma escrita revigorante e vertiginosa e uma imaginação incrível, As Coisas que te Caem dos Olhos trata-se de uma fábula espectacular para quem procura distrair-se, ler algo totalmente exuberante mas que, ao mesmo tempo, pretende desfrutar de umas quantas mensagens profundas e bem reais que, neste romance em particular, se encontram camufladas num enredo inesperado e completamente estranho – no bom sentido!
Pessoalmente, esta foi uma leitura que me deu real prazer e que voou a uma velocidade estonteante! Um escritor que, de certa forma, me faz lembrar Francesc Miralles, no sentido em que se distingue dos demais, e que se traduz em mais uma excelente aposta por parte da Contraponto

Passatempo "Ao Encontro do Nosso Amor", Michael Baron

Em colaboração com a Quinta Essência, e para celebrar este dia tão especial para todos os amantes de literatura, o Pedacinho Literário tem o prazer de oferecer um exemplar do sonhador livro Ao Encontro do Nosso Amor, do aclamado escritor Michael Baron. 

Para participar e habilitar-se a ganhar este fabuloso livro, basta que responda correctamente a todas as questões que se encontram no formulário em baixo e que preencha todos os campos obrigatório. Mas atenção, não se esqueça das regras do passatempo!

As respostas podem ser encontradas aqui e/ou aqui

Regras do Passatempo: 
1) O Passatempo decorrerá até às 23h59 do dia 30 de Abril (segunda-feira).
2) Só é válida uma participação por pessoa e/ou e-mail.
3) Participações com respostas incorrectas e/ou dados incompletos serão automaticamente anuladas.
4) O vencedor será sorteado aleatoriamente pela administração do blogue, será posteriormente contactado por e-mail e o resultado será anunciado no blogue.
5) Só são aceites participações de residentes em Portugal Continental e Ilhas.
6) A administração do blogue não se responsabiliza pelo possível extravio, no correio, de exemplares enviados.


Boa sorte a todos!

Resultado do Passatempo - "O Circo dos Sonhos"

Chega ao fim mais um espectacular passatempo, desta vez com o incondicional apoio da Civilização Editora, com um livro que se avizinha um verdadeiro mimo mágico! 
E antes de anunciar o vencedor, quero agradecer a todos os participantes que, criativamente, responderam à questão deixada em aberto. Foram poucas as respostas recebidas, mas todas muito boas. Infelizmente, só pode ganhar um e, sem mais demoras, aqui fica o resultado. 

O/A vencedor/a que irá receber, em casa, um exemplar do livro O Circo dos Sonhos, da autora Erin Morgenstern é:

Ana Rita (...) Domingos!

Aqui fica a resposta premiada:

‹‹“Aproximem-se, aproximem-se! Venham ver os Grandes Mágicos desafiar as leis da Natureza e enfrentarem-se num ringue da mais pura feitiçaria, venham ver os incansáveis palhaços num ritmo de riso e alegria, venham ver os Irmãos Trapezistas dançarem a grandes alturas, venham ver fantásticas espécies exóticas, temíveis, incríveis... Aproximem-se, aproximem-se! Deixem-se deslumbrar, encantar, permitam-se sonhar, porque esta noite, o firmamento não constitui limite!”
    No calor de uma noite de Verão, com uma sonora litania troada numa poderosa voz, Le Cirque des Rêves faz-se anunciar na pequena vila, atraindo a população para fora dos seus lares, qual serpente a encantar o mais destemido dos pássaros. Pelas memórias de tempos idos, cada casal deixa-se arrastar pela mão dos filhos, exultantes pela promessa de uma noite de sonho, uma noite que, para sempre, ficará gravada nas suas memórias.
    Num imenso fundo listado de branco e preto, ergue-se a mais extraordinária das tendas que imaginar se possa. No seu interior, a cor neutra reclama cada pequeno espaço, iludindo a assistência maravilhada que recorda as primeiras imagens de televisão de há umas décadas. Uma viagem ao passado, um regresso à infância de adultos que deixaram de sonhar, de acreditar, de se maravilhar...
    Os artistas, esses são anunciados por uma voz que exalta as mais fantásticas habilidades, as mais altas ilusões, as mais intensas lutas num palco a preto e branco, um palco onde só aos mais sensíveis actores é permitida a entrada. Os olhos do público dilatam-se com maravilhas incapazes de compreender: o grupo de palhaços que, apesar da ausência de cores garridas, arrancam as mais altas gargalhadas de pura satisfação; os trapezistas, lá no alto, suspensos em estreitas barras, capazes de fazer suster qualquer respiração; o domador de feras, grande e viçoso nos seus trajes elaborados que, ao apresentar deslumbrantes exemplares de tigres de bengala, orgulhosos leões e poderosos elefantes, arranca as maiores exclamações de surpresa e apreensão; o contorcionista que se move e revolve numa pequena caixa ou por entre estreitos arcos, capaz de levar a sua assistência a arregalar os olhos de tanta admiração; no final, a grande atracção deste circo, o momento alto de uma noite de sonhos, a grande apresentação anunciada com a chegada do Cirque des Rêves… os dois jovens mágicos mais talentosos que imaginar se possa, que seduzem numa dança hipnótica e atraem com a mais pura habilidade de mãos… graciosos, encantadores, apaixonados, mestres da magia e da ilusão!
    Por entre exclamações maravilhadas, risos de pura felicidade, aplausos ressonantes, palavras sonhadoras… por entre uma assistência de homens e mulheres, crianças e adolescentes, novos e velhos, do mais humilde ao mais abastado da vila… por entre sonhos retornados e fantasias idealizadas durante horas e horas do mais fantástico espectáculo presenciado… o amanhecer aproxima-se, os seus raios obrigando ao recolher do circo, levando a suspiros de desejo por mais e mais atracções. Com a promessa de que, no final, com o crepúsculo de mais um dia, Le Cirque regressará para encantar um nova população, novos pais e novas crianças, novas mentes que anseiam por momentos de fantasia, anseiam por voltar a sonhar!››

Parabéns à vencedora!, e aos restantes, votos de excelentes leituras! 

domingo, 22 de abril de 2012

Novidade Contraponto - "Persépolis", Marjane Satrapi

‹‹Um livro revelador, cativante e inesquecível.
Uma obra extraordinária.››
The New York Review of Books

Título: Persépolis
Autoria: Marjane Satrapi
N.º Páginas: 352

Lançamento: Já disponível
PVP.: 19,90€

Sinopse: Com uma memória inteligente, divertida e comovente de uma rapariga que cresce no Irão durante a Revolução Islâmica, Marjane Satrapi consegue transmitir uma mensagem universal de liberdade e tolerância. 
‹‹Estamos em 1979 e, no Irão, sopram os ventos de mudança. O Xá foi deposto, mas a revolução foi desviada do seu objectivo secular pelo Ayatollah e os seus mercenários fundamentalistas. Marjane Satrapi é uma criança de dez anos irreverente e rebelde, filha de um casal de classe alta e convicções marxistas. Vive em Teerão e, apesar de conhecer bem o materialismo dialético, ter um fetiche por Che Guevara e acreditar que consegue falar directamente com Deus, é uma criança como qualquer outra, mergulhada em circunstâncias extraordinárias. 
Nesta autobiografia gráfica, narrada com ilustrações monocromáticas simples mas muito eloquentes, Satrapi conta a história de uma adolescência durante a qual familiares e amigos "desaparecem", mulheres e raparigas são obrigadas a usar véu, os bombardeamentos iraquianos fazem parte do quotidiano e a música rock é ilegal. Contudo, a sua família resiste, tentando viver uma vida com um sentido de normalidade. Um livro inteligente, muito relevante e profundamente humano.››BBC
Em 2007, Persépolis foi adaptado ao cinema e das muitas nomeações para prémios que teve destaca-se a do Óscar para melhor filme de animação. 

Sobre a autora:
Marjane Satrapi nasceu em Rasht, no Irão, em 1969, e actualmente vive em Paris. Estudou no liceu francês de Teerão, onde passou a sua infância. Bisneta de um imperador do país, teve uma educação que combinou a tradição da cultura persa com valores ocidentais e de esquerda. Aos 14 anos, partiu para a Áustria, e depois retornou ao Irão para estudar belas-artes. 
Estabelecida em França como autora e ilustradora, Marjane conquistou a fama mundial com Persépolis, obra que ganhou alguns dos mais prestigiados prémios deste género literário, nomeadamente o prémio para autor-revelação e o prémio para melhor guião de Angoulême, e o prémio Eisner para melhor novela gráfica e melhor obra estrangeira. Este livro foi transformado num filme de animação em 2007, que estreou no Festival de Cannes e foi premiado com um Óscar. 
As ilustrações de Marjane são publicadas em revistas e jornais de todo o mundo, incluindo The New Yorker e The New York Times.

Imprensa:
‹‹Uma memória gráfica brilhante e invulgar, contada num tom franco e cativante, que ilustra de forma dramática a maneira como os regimes repressivos deformam a vida quotidiana dos cidadãos.››
Vogue

‹‹Uma das memórias mais expressivas e originais dos nossos dias. O tom franco deste livro, equilibrado pelo seu humor e pela força das suas ilustrações, é uma revelação surpreendente da realidade da vida entre guerras, revoluções e um regime fundamentalista.››
The Los Angeles Times

‹‹Uma fascinante autobiografia em formato gráfico. Associando textos de uma simplicidade quase infântil (ainda que muito poética) e desenhos a preto-e-branco que evocam as iluminuras medievais, Marjane Satrapi desafia a imagem que os ocidentais têm do Irão contemporâneo.››
L'Express

‹‹Um verdadeiro triunfo. Tal como Maus, Persépolis é um daqueles romances gráficos capazes de seduzir até os mais relutantes. A forma como Satrapi combina a intimidade, a ironia e a ternura é simplesmente genial.››
Libération

‹‹Um excelente romance gráfico. Satrapi denuncia a falência moral do dogma político e do conformismo religioso de regimes que assassinam, que perseguem os cidadãos, mas que podem sempre ser ridicularizados pela rebeldia individual do espírito e do intelecto.››
Zadie Smith

Novidade Contraponto - "As Coisas que te Caem dos Olhos", Gabriele Picco

‹‹Uma pedra preciosa››
La Stampa

Título: As Coisas que te Caem dos Olhos
Autoria: Gabriele Picco
N.º Páginas: 216

Lançamento: Já disponível
PVP.: 15,50€

Sinopse: Ennio é um jovem tímido que tem um interesse muito especial: lágrimas, misteriosas gotas de água salgada que contêm sonhos, lembranças, medos... Quando vê uma, fotografa-a e inventa uma história. Contudo, o próprio Ennio não chora, nunca. Aprendeu a enterrar a dor, a ocultar os sentimentos e, com eles, o seu segredo mais inconfessável. 
Fugindo do passado, Ennio parte para Nova Iorque. Certo dia, encontra o diário de uma rapariga japonesa: Kazuko. Deslumbrado pelos fabulosos desenhos que encontra naquelas páginas, Ennio parte numa busca incessante para devolver o livro à dona. Durante este período, a sua história entrecruza-se com a de outras personagens tão excêntricas quanto cativantes: Gianny, que tem uma fisga no nome; Arwin, que filma tudo o que o rodeia com uma câmara escondida no cabelo; Josh, que perdeu a mulher no atentado às Terres Gémeas e agora colecciona pó; e ainda, uma gaivota ferida, resgatada da neve de Abril - que, dizem, dá sorte. 
Uma fábula enternecedora com pequenas ilustrações do autor, Gabriele Picco também desenhou a capa, que na realidade foi uma escultura que fez. 

Sobre o autor:
Gabriele Picco nasceu em Brescia, Itália, em 1974. Licenciou-se em Literatura Moderna pela Universidade de Milão. 
Artista plástico e escritor participou com pinturas e esculturas em diversas exposições, tanto em Itália como no estrangeiro, e as suas obras encontram-se em colecções tão prestigiadas como a do MoMa. 
Além de dois romances, escreveu alguns contos para diversas publicações. 

As Coisas que te Caem dos Olhos venceu o Prémio Alinovi (um prémio atribuido pelos "amigos" de Francesca Alinovi (crítica de arte) a artistas que fizeram um contributo à convergência das artes). E foi finalista do Prémio Viadana (um prémio literário da Biblioteca da cidade de Viadana, onde o júri é popular). 

Imprensa:
‹‹Picco consegue combinar vários géneros de arte de forma assombrosa.››
Renato Barilli, Tutto Libri

‹‹Um livro poético, cheio de fantasia, arte e ironia.››
Che tempo che fa

‹‹Um dos romances mais belos do ano.››
Fuori le Mura

‹‹Uma fantasia entrelaçada com deslumbramento infantil.››
Gionarle di Brescia

‹‹Um romance para todos os públicos.››
La Vanguardia

‹‹Gabriele Picco, com uma prosa poética e parágrafos de uma beleza extrema, escreveu um romance especial, imperdível.››
Maria Aixa Sanz

domingo, 15 de abril de 2012

O Guerreiro Highlander, Monica McCarty [Opinião]



Título Original: Highlander Warrior
Autoria: Monica McCarty
Editora: Planeta
Nº. Páginas: 306
Tradução: Irene Duan e Lorena e Nuno Duan e Lorena


Sinopse:

Jamie Campbell, o implacável polícia do clã mais poderoso da Escócia, serve-se de todos os meios para acabar com a ilegalidade e a agitação entre clãs das Terras Altas, sempre em disputa. A sedução é ousada como subterfúgio, mas quando Jamie se apresenta como pretendente à mão da filha do chefe de um clã rival, de modo a denunciar uma traição, a fronteira entre o dever e o prazer fica de súbito esbatida. Caitrina Lamont, uma jovem de cabelos negros e lábios cor de rubi, desafia-o, renega-o e excita-o como nenhuma outra mulher.
Caitrina não tenciona trocar o pai e os irmãos por um marido, ainda por cima um dos odiados Campbell, mas a força rude e sensual de Jamie e um beijo escaldante ameaçam estilhaçar-lhe a resistência. Quando o seu mundo idílico se desfaz, a única esperança de salvar o seu clã reside nos braços de Jamie Campbell, o inimigo que ela responsabiliza pela ruína. Conseguirão as tréguas precárias, nascidas na escuridão aveludada das noites de paixão, forjar um amor tão forte quando a espada que governa as Terras Altas?


Opinião:

Um beijo roubado pode ser o começo de uma longa e tortuosa proposta de amor eterno. Um beijo prometido, o início de uma volúpia sem fim face um homem que em tudo se mostra desagradável, menos na atracção que exerce. Um beijo apetecido, o princípio de um escandaloso desejo, de uma ânsia ardente que em nada pode ser apagada... e que de tudo fará para ser consumada. Mas se não fosse esse beijo, poderia o futuro ser diferente?

O Guerreiro Highlander trata-se de um romance repleto de sensualidade, que remete o seu leitor para o mais afrodisíaco e belíssimo dos locais, as Terras Altas da Escócia. Inebriadas pela fantasia medieval e estarrecidas pela natureza no seu mais rico esplendor, duas personagens lutarão mundos e fundos para esconder e ultrapassar um amor proibido, um desejo deveras apetecido, até que uma proposta irrecusável lhes cruza no caminho. Um enredo cheio de acção e drama, morte e amor, confiança e segredos, que agarrará com relativa facilidade e transportará o leitor numa viagem impressionante até aos tempos da Idade Média. 
A nível histórico, Monica McCarty fez um trabalho estupendo, cativando o leitor com as suas descrições detalhadas dos castelos, da criadagem e do modo de vida, assim como das intrigas e rivalidades entre clãs. Essa mesma escrita, que inicialmente não me apelou na totalidade, é também bastante singela e natural, conseguindo um balanço interessante e equilibrado entre diálogo e descrição.

Quanto às personagens, muito pode ser apontado de semelhante relativamente a outros livros dentro deste género mais sensual do romance histórico. Talvez esse seja um factor de desagrado ou enfado para alguns leitores mas, para mim, alguns pormenores nestas duas personagens em particular despertaram o meu interesse e, como tal, a minha vontade de as ler foi crescendo gradualmente.
Jamie Campbell é, certamente, uma personagem de peso. A sua auto-confiança e força máscula transformam-no num protagonista que muito tem a perder se der largas ao amor. Assim, o seu lado bruto, rude e arrogante destacam-se perante os conflitos existentes entre os clãs rivais assim como para com a única mulher que o faz pensar e sentir de modo diferente. Um autêntico guerreiro, esta é uma personagem que não só acredita como é o próprio rosto da justiça, trazendo para si e para os seus a segurança por que muitos anseiam. Mas após um extraordinário beijo trocado numa situação constrangedora, Jamie terá algumas dificuldades em cingir-se àquilo que, outrora, fora a única coisa importante na sua vida.
Caitrina Lamont é a típica donzela inocente e ultra protegida que, face as imprevisibilidades do destino, se vê confrontada com uma situação onde, por nenhum dos caminhos, sairá ela a vencedora. Contudo, creio que enquanto mulher inteligente, também ela sofre de uma certa insolência e mimo que, inicialmente, a tornam pouco atractiva ao leitor. Mas após o acontecimento que mudará, para sempre, a sua vida, Caitrina ver-se-á assolada por um amadurecimento e sentimento de vingança que, uma vez tendo alcançado o seu objectivo, despertará numa dúvida constante.

A forma como os dois protagonistas se encontraram, pela primeira vez, foi um dos momentos que maior prazer me suscitou. Adorei o modo como Caitrina cedeu aos caprichos do seu irmão e se deixou guiar até uma situação deveras comprometedora para si, não conseguindo evitar o descalabro com um homem de um porte incrível e beleza estonteante. O restante desenvolvimento do casal, pelo menos até à celebração de uma certa ligação, foi igualmente interessante visto haver sempre presente uma rivalidade e desconfiança que em muito ajudou a prender o leitor ao romance tecido entre os dois. No entanto, achei que Caitrina acabou por se tornar um pouco confusa relativamente aos seus sentimentos para com Jamie, uma vez que tanto afirmava amá-lo como, no instante a seguir, sofria por não conseguir confiar inteiramente nele.

O cenário construído em torno desta trama é outro dos pontos altos de O Guerreiro Highlander. Tanto a Era retratada como as descrições desenvolvidas ao longo da história, dos locais e das crenças, dos conflitos e dos deveres do povo, são pequenos detalhes primorosos que visam embelezar um romance que, já de si, consegue ser visualmente bastante apelativo.
Creio que, numa avaliação final, este acabou por ser um livro agradável e que, por diversas ocasiões, me fez voar até «momentos perdidos na História» e lugares únicos e idílicos – o que, por um lado, só veio intensificar ainda mais a paixão que naturalmente já nutro por este local tão especial na Europa.

Um romance que entretém e que demonstra como os laços familiares podem ser de extrema importância, como «casa» é um sentimento capaz de perseguir até o mais insano dos corações e como é necessário confiar e amar se se quer, algum vez, algum dia, ser-se minimamente feliz. Uma aposta interessante por parte da Planeta Manuscrito, numa autora que, com certeza, irá derreter muitos icebergues com guerreiros escoceses como este Jamie Campbell. 

Novidade Planeta - "A Cor da Memória", Care Santos

Toda a família tem os seus segredos, cada casa tem os seus quartos fechados. 
Há portas que é melhor não abrir... 

Título: A Cor da Memória
Autoria: Care Santos
N.º Páginas: 484

Lançamento: Já disponível
PVP.: 20,95€

Sinopse: Na convulsa e fascinante Barcelona do modernismo, a matriarca de uma das sagas mais prestigiosas da cidade prepara a mudança para o seu novo lar, um lindíssimo palacete vizinho do então incipiente Paseo de Gracia.
As paredes dessa casa serão o zeloso guardião de vidas repletas de ambição, segredos inconfessáveis e paixões ocultas. Essa é a herança que o tempo confiará a Violeta, última da estirpe: o passado, visto do presente é sempre um quebra-cabeças a que faltam peças...
Care Santos traça um grandioso fresco histórico e social que nos convida a reflectir sobre a débil memória que legamos às gerações futuras. Apaixonante e viciante, A Cor da Memória é uma história de intriga, romance e tragédia com o pano de fundo de um mundo que desapareceu para nunca mais voltar.

Sobre a autora:
Care Santos (Mataró, Barcelona, 1970) publicou seis romances, seis livros de contos e inúmeros títulos de literatura para jovens, área onde é uma das autoras mais lidas de Espanha.
Entre os seus títulos destacam-se Aprender a huir, Los que rugen e La muerte de Venus. Com este último foi finalista do Prémio Primavera em 2007.
É crítica literária do suplemento «El Cultural», do diário El Mundo, colaboradora de diversos meios de comunicação e coordenadora de conteúdos do website de crítica literária «La Tormenta en un Vaso.»
A sua obra encontra-se traduzida numa dezena de línguas.

Novidade Planeta - "A Cidade dos Anjos Caídos", Cassandra Clare

Os Caçadores de Sombras estão de volta...
Amor. Sangue. Traição. Vingança.

Título: A Cidade dos Anjos Caídos
Autoria: Cassandra Clare
N.º Páginas: 312

Lançamento: Já disponível
PVP.: 19,95€

Sinopse: A Guerra Mortal acabou e Clary Fray, com 16 anos, está de regresso a casa, em Nova Iorque, entusiasmada com o que o futuro lhe reserva. Está em treino para se tornar numa Caçadora de Sombras e saber usar o seu poder único e a mãe vai casar-se com o amor da sua vida. Os Habitantes-do-Mundo-à-Parte e os Caçadores de Sombras estão, finalmente, em paz. E, acima de tudo, Clary já pode chamar namorado a Jace. Mas tudo tem um preço. 
Anda alguém a assassinar os Caçadores de Sombras que pertenciam ao círculo de Valentine, provocando tensões entre os Habitantes-do-Mundo-à-Parte e os Caçadores de Sombras, o que pode levar a uma segunda guerra sangrenta. O melhor amigo de Clary, Simon, não pode ajudá-la, a mãe descobriu que ele se transformou um vampiro e expulsou-o de casa. Para onde quer que olhe, alguém quer a sua aliança, bem como o poder da maldição que lhe destruiu a vida. E estão dispostos a fazer o que for necessário para obter o que querem. Ao mesmo tempo, namora com duas belas e perigosas raparigas, sem que uma saiba da outra. 
Quando Jace começa a afastar-se de Clary sem qualquer explicação, esta vê-se forçada a mergulhar num mistério cuja solução se revela o seu pior pesadelo: ela própria desencadeou uma terrível cadeia de acontecimentos que podem levá-la a perder tudo o que ama. Até Jace. 

Sobre a autora:
Cassandra Clare nasceu no Irão e passou os primeiros anos a viajar pelo mundo com a família e vários baús cheios de livros de fantasia, entre os quais As Crónicas de Nárnia. Mais tarde, trabalhou como jornalista em Los Angeles e Nova Iorque. Cassandra Clare vive em Massachusetts com o marido, os gatos e ainda mais livros. 
Caçadores de Sombras é o título da trilogia que começou com A Cidade dos Ossos, uma fantasia urbana povoada por vampiros, demónios, lobisomens, fadas, e que é um autêntico romance de acção explosiva. 

Imprensa:
‹‹Cassandra Clare, a herdeira de Stephanie Meyer, impõe-se na literatura fantástica para jovens adultos e promete continuar a construir uma mitologia própria em que ressoem todas as culturas do mundo e onde todos possam reconhecer um pouco de si.››
Diário de Notícias

‹‹Divertida, obscura e sexy. Um dos meus livros preferidos.››
Holly Black

‹‹A atmosfera onde se encontra Clare está influenciada, em partes iguais, pelo terror gótico e a tendência para a fantasia moderna de Neil Gaiman. Os mais fervorosos fãs de terror, de que o exemplo máximo é Buffy, a Caçadora de Vampiros, ficarão rendidos perante esta trilogia.››
Publishers Weekly

Ao Encontro do Nosso Amor, Michael Baron [Opinião]



Título Original: The Journey Home
Autoria: Michael Baron
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 190
Tradução: Maria Filomena Duarte


Sinopse:

Joseph, um homem à beira dos quarenta anos, acorda desorientado e constrangido num local que não reconhece. Parte numa viagem para encontrar a sua casa, sem saber para onde vai, orientado apenas pela visão preciosa e indelével da mulher que ama.
Antoinette é uma mulher de idade, que vive numa residência para séniores e que se refugiou no seu mundo interior. Aí, o corpo e a mente não a atraiçoaram. Aí, é uma jovem recém-casada com um marido que a idolatra e uma vida inteira de sonhos para viver. Aí, ela está verdadeiramente em casa.
Warren, filho de Antoinette, é um quarentão anos que atravessa uma das fases mais difíceis da sua vida. Com tempo a mais, resolve tentar recriar as recordações de casa confeccionando os melhores pratos da mãe e saboreá-los com ela.
Joseph, Antoinette e Warren são três pessoas que andam à procura de casa, cada uma à sua maneira. No modo como se ligam umas às outras nesta fase crítica das suas vidas reside o fundamento do tipo de história profunda e comovente que nos habituámos a esperar de Michael Baron.


Opinião:

O amor, quando verdadeiro, é uma emoção eterna. Imutável. Extremamente consciente. E mesmo quando é a morte aquela que impede duas almas gémeas de continuarem a sua vivência em conjunto, o sentimento persiste, bem lá no fundo, sempre pulsante, sempre inebriante, sempre incontestável.

Ao Encontro do Nosso Amor trata-se de um romance suave e bastante subtil, que envereda pelos caminhos sinuosos e tortuosos do amor, quando este nos é retirado pelo tempo que se esgotou ou pelo sentimento que se extinguiu. Ensina, assim, que nem sempre se deve perder a esperança de, um dia, voltar a reencontrar aquele ou aquela que nos fará feliz, incondicional e perpetuamente, muito para além da finitude dos nossos dias.
Esta foi a minha estreia em Michael Baron, uma escrita que me apelou de imediato e que me embalou e guiou numa viagem emocional e intrigante pela busca e compleição de um dos sentimentos mais importantes – o amor. Mas também a amizade se encontra presente, a força familiar, o querer ser-se algo melhor, alguém mais saudável e talvez pela magnitude das emoções retratadas, e pela forma simples como estão descritas, este foi um livro que me deixou com uma imensa vontade em descobrir mais sobre outras histórias «reais» do autor.

Com um enredo pontuado pela surpresa da descoberta gradual, as personagens acabaram por se tornar um elemento essencial para a criação de uma certa afinidade entre leitor e história. Assim, e mesmo não sendo grande este leque principal de intervenientes, certamente que é interessante, cada um à sua maneira, cada um com o seu mistério a desvendar.
Joseph foi, sem sombra de dúvida, uma personagem de inúmeros segredos. Desde a sua profunda amnésia, passando pelas pequenas pistas que lhe vão surgindo no caminho e a intensa busca por aquela que o chama, esta foi uma figura interessante e curiosa, apaixonada e desesperadamente perdida, que dirigiu o leitor a um final surpreendentemente emotivo.

Antoinette, por sua vez, conectou-se com o leitor ao mostrar-lhe uma série de lembranças acarinhadas e enamoradas de um casal jovem que se viu diluído pela acção da morte. Essas recordações, esses instantes tão especiais no tempo, são o que a fazem, mais do que tudo, querer juntar-se ao homem que sabe estar a aguardar a sua chegada.
Warren foi, no entanto, aquele que me aqueceu o coração. O seu crescimento enquanto homem e filho estimado representam afinidades verdadeiramente enternecedoras que todos nós, em algum ponto da nossa vida, experienciámos ou iremos viver. A sua força em prosseguir caminho, em lutar por ter a sua adorada mãe por mais uns sorrisos, por mais uns gestos foi algo que adorei ler e a forma como a personagem chega ao cerne da questão, fazendo uso das inúmeras delícias gastronómicas que Antoinette criou ao longo da vida é sensacional.

O enredo que perfaz este romance é muito simples e estimulante, especialmente tendo em conta que temos uma personagem que nada sabe sobre o seu passado ou futuro, e uma outra protagonista que somente deseja poder fundir-se na sua própria memória. Desse modo, um dos aspectos que mais me cativou cinge-se ao facto de o próprio leitor acompanhar o desenvolvimento da história, ao mesmo tempo das personagens. E é essa realidade, esse desconhecido que faz com que o leitor não consiga interromper a leitura.
Outro dos aspectos agradáveis de Ao Encontro do Nosso Amor reside nas descrições espantosamente inebriantes de pratos confeccionados por Antoinette e que agora, no presente, Warren faz por recriar. Estas delicias gastronómicas são tão emotivas que eu própria, por diversas vezes, me vi a cheirar o doce perfume do assado que está no forno... ou a saborear os legumes salteados com verdadeiro amor e carinho.

Infelizmente, não se trata de um livro sobre o qual se possa desvendar muito, tendo em conta a simplicidade que o constitui e a surpresa em que acaba por se transformar. Levantar um pouco o véu seria quebrar parte do forte sentimento que se encontra perpetrado nestas páginas, que se lêem de um só fôlego.
Uma interessante aposta Quinta Essência, num autor que possui uma escrita incrivelmente livre e conexa, que agarra o leitor logo na primeira linha e que não o deixa fugir até o voltar da última página. Um romance leve, descontraído e agradável. 
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