segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Deusa do Mar, P. C. Cast



Título Original: Goddess Of The Sea
Autoria: P. C. Cast
Editora: 1001 Mundos
Nº. Páginas: 383
Tradução: Susana Serrão


Sinopse:

Christine Canady, CC, é sargento da Força Aérea e no dia do seu 25.º aniversário, já depois de uns quantos copos de champanhe a mais, faz uma dança em cima do balcão do bar pedindo à deusa da terra um pouco mais de magia na sua vida.
No dia seguinte, o seu voo com destino ao médio oriente, num C-130, termina num desastre com o avião a despenhar-se no Oceano. Quando pensava que o seu destino estava traçado e a sua morte era certa, ela apercebe-se de que está a respirar debaixo de água e se encontra perante a mais bela sereia que poderia imaginar.
Concedendo à sereia o desejo de ser humana, elas trocam de consciência e em breve CC vê-se imersa nas intrigas da corte das sereias, e com dificuldade em resistir aos encantos do pretendente real. Mas, o desejo de voltar a terra vai fazer com que CC se cruze com o cavaleiro dos seus sonhos, vendo-se envolvida num arrebatador triângulo amoroso.


Opinião:

Com uma capa magnífica e uma temática atraente, principalmente pelo facto de não existirem muitas obras traduzidas do fantástico que abordem as criaturas do mar, como é o caso das sereias, Deusa do Mar foi um livro que quis ler imediatamente após ter conhecimento do seu lançamento, ainda que a autora não fosse das que melhores impressões me deixou em leituras passadas.
Curiosa com o enredo mas receosa com o estilo de escrita de Cast, atirei-me a esta narrativa de pés e cabeça esperançada que muitas fossem as surpresas a encontrar visto estarmos perante uma espécie do sobrenatural involuntariamente sedutora. Contudo, e infelizmente, alguns dos pontos que mencionarei como negativos foram fortes o suficiente para permitir que a leitura, para mim, não fosse tão fluida nem apelativa quanto esperada e, como tal, azedasse um pouco do gosto doce com que a iniciei.

CC é uma mulher independente que, à beira do seu 25.º aniversário, se vê abandonada e sem companhia com quem partilhar a alegria que é festejar os anos. Para piorar, CC apercebe-se que até mesmo os seus pais se esqueceram de tão importante data. Assim, e sem se dar bem conta do como, CC está em plena varanda, debaixo de um intenso luar, a executar rituais a favor da Grande Deusa e em busca de um pouco de magia na sua vida. Mal ela podia imaginar que essa magia realmente viria em seu auxílio... na figura de uma lindíssima sereia.

Gostei imenso da forma como a autora deu a volta à trama de maneira a possibilitar a ascensão de CC ao místico mundo dos mares. Além de credível, apresenta várias situações divertidas que servem de base amortecedora à avassaladora paixão e violência mental que aí virá. Assim sendo, e embora inicialmente Cast engonhe um bocado, foi um começo bastante prometedor e que deixou, por diversas vezes, o interesse e a vontade em querer saber mais, no ar. No entanto, e ainda que essa curiosidade seja prolongada por grande parte da narrativa, a motivação que primeiramente me levou a querer ler este romance, ou seja, toda a questão envolvente do universo sobrenatural das criaturas marinhas, foi gradualmente diminuindo uma vez que a autora se deixou levar em demasia pelo lado e mundo humanos, permitindo que a sua personagem principal, CC, vagueasse mais à descoberta de uma época medieval terrena em detrimento da profunda e (quase) exclusiva procura dos segredos escondidos na corte do mar.

A ausência física de Sarpedon é, para mim, outro dos aspectos menos agradáveis desta obra. É que mesmo mantendo uma ambiência mortífera e de extremo perigo em redor de CC e relativamente ao sereio, o facto de este somente aparecer de vez em quando faz com que a sua real ameaça perca parte da sua força. Penso que, de certa forma, a autora poderia ter explorado um pouco mais a personagem, transformando-a não só numa presença mais activa como duplamente perigosa. Em contrapartida, temos outros intervenientes decididamente sugestivos como é o caso da deusa Gaia, do sereio Dylan e das quatro velhotas que habitam no mosteiro. 
Gaia é chamativa pelo simples pormenor de ser incrivelmente maternal e protectora mas que, ao mesmo tempo, consegue ser de igual modo vivaz e jovial. O seu amor para com a filha é tremendo e a sua relação para com ela e para com os outros, algo a ter em conta. No caso de Dylan, a menção especial recai no seu cavalheirismo, carinho e protótipo sobrenatural do eterno homem romântico. Em relação a Isabel, Bronwyn, Gwenyth e Lynelle, adorei as suas personalidades divertidas e caridosas enquanto, ainda assim, me faziam lembrar a minha própria avó, principalmente na protecção que acabam por exercer.
Não posso ainda deixar de referenciar Sir Andras e o horripilante abade William. Estas duas personagens servem perfeitamente na representação influenciável do ser humano. Enquanto homens de grande fé, tudo o que lhes é incompreensível ou que lhes parece fora do comum transforma-se em feitiçaria e quando não é digno das suas presenças... só pode significar problemas.

O final, embora algo esperado, conseguiu, ainda assim, surpreender muito pela positiva. Adorei o twist que a autora criou nas últimas páginas e o modo como a história de CC se encerrou. Deixou, bem claro, que é importante aproveitar todas as oportunidades que nos surgem no caminho da vida... mesmo quando o céu parece mais escuro e tenebroso, sem indícios de sol. A magia está no interior de cada mulher e, de certo, será esta a mensagem a agarrar toda e qualquer leitora que se preze a descobrir os mistérios e segredos deste romance.
Uma boa aposta da 1001 Mundos, que levou ao mercado uma excelente tradução/revisão de uma obra que, sem dúvida, muitos fãs aguardavam com ansiedade. Quanto a mim, pesando os bons e os menos bons momentos de Deusa do Mar, fica a vontade e, principalmente, a curiosidade por ler mais do poder e magia femininos. Ficarei à espera de mais um volume da série onde as mulheres são autênticas deusas. 

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